Sério! Juro que tentei falar sobre outro tema relacionado às
ciências médicas no meu primeiro texto aqui no “Leiga Ciência”, mas
definitivamente sou tentado a concordar que um dos mais relevantes e atuais
temas relacionados a esse campo do conhecimento é, sim, o temido vírus causador
da Zika. Mas para não ficar um tema repetitivo - visto que o nosso “blogueiro-mor”
já detalhou algumas coisas sobre essa complicação - meu objetivo aqui seria desmentir
algumas matérias, pessoas e sites de notícias que abordam esse tema como se o
vírus fosse uma novidade, como se ele tivesse surgido agora.
Não queridos, não se trata de um novo vírus, a história
desse cara é mais antiga!
Aconteceu que, em um belo – ou não – dia do ano de 1947, um
grupo de cientistas situados em um pobre país africano, intrigados pelos estudos
de viroses, isolaram em primatas, um tipo de vírus que viria assolar o mundo quase
70 anos depois: apresentava-se então, o Zika Vírus! De lá pra cá, esse vírus
passou a ser isolado na espécie humana também, disseminando-se cada vez mais.
Mais o que mais me
impressionou em tudo isso e, diga-se de passagem, o maior motivo deste texto,
foi uma matéria publicada no dia 7 deste mês no site www.g1.globo.com, na qual se afirma ter
havido um experimento até então "desconhecido" (leia-se, não muito divulgado), realizado em 1971, por um grupo de
virologistas do Hospital Geral de Newcastle (Inglaterra), em que foi
observado o tal vírus “atacando” o cérebro de uma cobaia (no caso, utilizou-se
camundongos).
Isso mesmo! Durante 45 anos, a
informação permaneceu enterrada nos arquivos da literatura médica, até o vírus
se tornar um problema de saúde pública.
Segundo a matéria, o trabalho
é provavelmente o primeiro registro sugerindo que o patógeno transmitido por
mosquitos pode causar problemas de desenvolvimento neurológico como a
microcefalia. O grande problema nisso tudo é que, nesse trabalho,
utilizaram uma injeção intracraniana para aplicar o vírus diretamente no
cérebro dos camundongos, o que não é um modelo totalmente adequado para simular
uma infeção real por zika, já que ela “entra” pela corrente sanguínea.
Isso quer dizer que esse trabalho não avaliou a possibilidade de o vírus passar
da corrente sanguínea para o sistema nervoso através da barreira hematocefálica.
Porém, isso não retira, de forma alguma, o brio e a grandeza do pioneirismo do
estudo.
Concluindo, lembre-se que, caso você ainda
não tenha completado seus 45 anos de idade, antes do seu nascimento o Zika vírus já tinha mãe e pai, e
já sabiam até o que esse rapaz andava fazendo com os cérebros alheios.
Cérebro de camundongo saudável (esq.) e infectado por zika (dir.)
Clique Aqui para ver a matéria na íntegra!
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